Atualização da norma NBR 13.281 – Argamassas inorgânicas: veja aqui

Escrito por Redação Sienge

25 de abril 2023| 14 min. de leitura

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A atualização da norma NBR 13.281 – Argamassas inorgânicas traz critérios e métodos de ensaio para assegurar o desempenho de sistemas de revestimento e de alvenaria

A atualização da norma NBR 13.281 – Argamassas inorgânicas foi publicada em fevereiro pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Seguindo a tendência dos últimos textos normativos brasileiros, ela propõe uma abordagem mais ligada ao desempenho dos sistemas construtivos de revestimento e de alvenaria.

A norma se divide em duas partes, cujos nomes oficiais são:

  • ABNT NBR 13281-1:2023 – Argamassas inorgânicas — Requisitos e métodos de ensaios – Parte 1: Argamassas para revestimento de paredes e tetos. Preço: R$ 139,90 no site da ABNT
  • ABNT NBR 13281-2:2023 – Argamassas inorgânicas — Requisitos e métodos de ensaios – Parte 2: Argamassas para assentamento e argamassas para fixação de alvenaria. Preço: R$ 54,90 no site da ABNT

Os dois textos entram em vigor em agosto de 2023. A terceira parte da norma tratará de argamassas para chapisco, e suas discussões já estão em andamento no Grupo de Trabalho multilateral envolvido na revisão.

A atualização da norma NBR 13.281 – Argamassas inorgânicas foi feita por uma Comissão de Estudo composta por várias instituições técnicas brasileiras. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade de São Paulo (USP) e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) são algumas delas.

O resultado dos trabalhos foi um texto que agora inclui padrões de qualidade que devem ser seguidos por todos os fabricantes, incluindo a produção no canteiro. Agora, há critérios claros de qualidade, que não existiam na versão anterior, de 2005.

Por que a atualização da norma NBR 13.281 – Argamassas inorgânicas era necessária?

O uso de argamassas na execução de revestimentos e de alvenaria é amplamente difundida na construção civil brasileira. Trata-se de uma herança das tradições construtivas portuguesas, como o uso de azulejos em revestimentos internos e em fachadas.

Sua utilização, contudo, ainda envolve muitos processos manuais, tanto em seu preparo, quanto em sua aplicação. Isso leva a disparidades no desempenho, até dentro de uma mesma obra.

Tal disparidade pode ocorrer por diversos motivos. Um deles é a falta de padronização nas especificações técnicas e nos métodos de ensaio, que pode levar a diferenças significativas no desempenho dos materiais produzidos por diferentes fabricantes.

Além disso, a variação na qualidade das matérias-primas utilizadas na produção das argamassas pode influenciar diretamente na sua resistência, trabalhabilidade e aderência.

Outro fator importante é a falta de conhecimento e de treinamento dos profissionais envolvidos na aplicação das argamassas. A correta execução da aplicação é fundamental para garantir o bom desempenho das argamassas.

A aplicação inadequada, por exemplo, pode comprometer a aderência e a resistência da argamassa, além de aumentar o risco de fissuras e patologias no revestimento ou na alvenaria.

Além disso, a falta de fiscalização adequada dos projetos e das obras também pode contribuir para a disparidade no desempenho das argamassas.

Em muitos casos, os materiais utilizados nas obras não são avaliados adequadamente, o que pode levar a escolha de materiais de baixa qualidade ou que não atendam às especificações técnicas necessárias.

Por esses motivos, a atualização da norma NBR 13.281 – Argamassas inorgânicas é importante para estabelecer critérios claros e objetivos para a produção, aplicação e avaliação desses materiais.

Classificação das argamassas inorgânicas de revestimento para ambientes internos e externos

No caso da parte 1, a grande novidade da nova versão é que as argamassas terão que atender a requisitos mínimos de desempenho, como módulo de elasticidade dinâmico, variação dimensional, resistência superficial e aderência ao substrato.

Na atualização da norma NBR 13.281 – Argamassas inorgânicas, criaram-se quatro classes de argamassas inorgânicas para revestimento, definidas pela sigla ARV. Cada uma traz critérios de desempenho mais exigentes à medida que a edificação fica mais alta. São elas:

  • ARV-I: Essa argamassa inorgânica pode ser aplicada como revestimento interno de qualquer edificação. Nos revestimentos externos, podem ser aplicadas em edificações com menos que 10 m de altura.
  • ARV-II: Em revestimentos externos, são destinadas à aplicação em edificações de altura total intermediária entre 10 m e até 60m. Pode ser usada em revestimentos internos sem restrições.
  • ARV-III: Material de maior desempenho, deve ser usado em fachadas de edifícios com altura superior a 60 m do nível da rua. Também pode ser usado sem restrições em revestimentos internos.
  • AET (argamassa de emboço técnico): é definida como a argamassa inorgânica aplicada como primeira camada (aparente) do revestimento de edificações. Faz parte de um revestimento de ATD (argamassa técnica decorativa) multicamadas, estabelecido na NBR 16648:2018 – Argamassas inorgânicas decorativas para revestimento de edificações – Requisitos e métodos de ensaios.

Requisitos de desempenho das argamassas de revestimento

Ainda na parte 1, a nova norma também estabelece requisitos que devem ser atendidos pelas argamassas de revestimento em seu estado fresco e endurecido. Veja os detalhes:

  • Estado endurecido
    • Requisitos classificatórios
      • Resistência potencial de aderência à tração no substrato
      • Resistência potencial à tração superficial
      • Módulo de elasticidade dinâmico
      • Variação dimensional (retração ou expansão linear)
    • Requisitos informativos
      • Densidade de massa no estado endurecido
      • Resistência à tração na flexão
      • Coeficiente de absorção de água por capilaridade
      • Fator de resistência à difusão de vapor de água
  • Estado fresco
    • Requisitos classificatórios: Não há
    • Requisitos informativos:
      • Retenção de água
      • Densidade de massa no estado fresco
      • Teor de ar incorporado
      • Tempo de uso

A atualização da norma NBR 13.281 – Argamassas inorgânicas indica critérios de avaliação e métodos de ensaio para cada requisito. Fabricantes devem informar as exigências atendidas pelo material na embalagem/ficha técnica. Para argamassas produzidas em canteiro, responsáveis pela obra devem realizar ensaios e manter registros dos resultados.

Classificação das argamassas para alvenaria

As argamassas para uso em alvenaria são objeto de normatização na parte 2. Ela trata tanto das argamassas de assentamento de alvenaria de vedação, quanto de alvenaria estrutural. Também contempla as argamassas de encunhamento.

A norma vale para todos os tipos de argamassa, independentemente se forem compradas prontas ou feitas no canteiro de obras, ou se forem aplicadas manualmente ou com máquinas.

As argamassas de assentamento são classificadas como:

  • AAV: é a argamassa para assentamento de alvenaria de vedação, com blocos de concreto, cerâmicos ou outros materiais.
  • AAE: é a argamassa destinada ao assentamento de blocos de alvenaria estrutural, inclusas as argamassas empregadas na junção da alvenaria.
  • AAF: argamassa para fixação horizontal de alvenaria, o famoso encunhamento da vedação.

No caso específico das argamassas de alvenaria estrutural, as classes de uso e as faixas de resistência dos blocos foram padronizadas.

Glossário das argamassas inorgânicas

Conheça as definições dos termos técnicos mais comuns encontrados nas normas técnicas de argamassas e alvenarias, incluindo a atualização da norma NBR 13.281 – Argamassas inorgânicas.

Ensaios de resistência

Testes realizados em materiais para avaliar sua capacidade de resistir a diferentes tipos de forças e cargas. No contexto das argamassas inorgânicas, os ensaios de resistência são realizados para avaliar sua resistência à tração, compressão, flexão, aderência, entre outros tipos de cargas. Esses ensaios são importantes para garantir que as argamassas atendam aos requisitos necessários para sua aplicação em diferentes situações. Os métodos de ensaio e os critérios de avaliação são definidos em normas técnicas, como a ABNT NBR 13281.

Retenção de água

É a capacidade de a argamassa reter a água de amassamento após o processo de mistura e antes da aplicação, resistindo à sucção do substrato e à evaporação. Ela é importante para:

  • Garantir que a argamassa mantenha a trabalhabilidade necessária para sua aplicação;
  • Tornar mais lento e gradativo o processo de endurecimento da argamassa.

Módulo de elasticidade

É uma medida da rigidez ou da resistência de um material à deformação sob tensão. Ele representa a relação entre a tensão aplicada a um material e a correspondente deformação elástica resultante. O módulo de elasticidade é geralmente expresso em gigapascais (GPa) ou em quilopounds por polegada quadrada (ksi).

Fissura

Abertura ou fratura que ocorre em um material sólido, como uma argamassa ou concreto, devido a uma tensão excessiva ou ações externas. É um problema comum em construções e pode comprometer a durabilidade e a estabilidade das estruturas. As fissuras podem ser superficiais ou profundas, e sua largura pode variar de poucos milímetros a centímetros. Dependendo da origem e da extensão da fissura, podem ser necessárias medidas corretivas para evitar danos maiores.

Desplacamento

Processo pelo qual um revestimento se desprende do substrato em que foi aplicado, resultando na formação de placas soltas ou fragmentos que se desprendem. Isso pode ocorrer por vários motivos, como falta de aderência adequada, baixa resistência mecânica do substrato, exposição a variações de temperatura, umidade excessiva, entre outros fatores.

Aglomerantes inorgânicos

São materiais utilizados na construção civil como base para a produção de argamassas, concretos e outras misturas para assentamento, revestimento e fixação de elementos estruturais. Eles são compostos por materiais minerais, como cimento, cal, gesso, entre outros, que, quando combinados com água, formam uma mistura que endurece com o tempo e adquire propriedades mecânicas adequadas para o uso na construção. Esses materiais são amplamente utilizados na construção civil devido à sua resistência, durabilidade e facilidade de produção.

Trabalhabilidade

Capacidade de uma argamassa de ser moldada e manipulada durante a aplicação sem perder suas características, como consistência, coesão e aderência. Em outras palavras, é a facilidade com que a argamassa pode ser espalhada, moldada e trabalhada pelo profissional sem perder suas propriedades importantes. A trabalhabilidade é influenciada por diversos fatores, como a quantidade de água na mistura, a granulometria dos materiais e as propriedades dos aglomerantes utilizados.

Aderência

Capacidade de uma argamassa de se ligar e aderir firmemente à superfície em que está sendo aplicada, seja ela um substrato (como uma parede ou laje) ou uma peça a ser assentada (como um tijolo ou azulejo). Uma boa aderência é essencial para garantir a resistência e durabilidade da argamassa, evitando desplacamentos, trincas e outros problemas. A aderência pode ser influenciada por diversos fatores, como as características do substrato, a composição da argamassa e a técnica de aplicação utilizada.

Conclusão

As argamassas para revestimento e assentamento são materiais básicos amplamente difundidas nos canteiros brasileiros. Nesse contexto, a atualização da norma NBR 13.281 – Argamassas inorgânicas, publicada em fevereiro de 2023, moderniza a abordagem técnica sobre o tema. Entre eles, classificações e requisitos de desempenho mais rigorosos para as argamassas de revestimento e de assentamento de alvenaria, visando atender às demandas do mercado e das construções atuais.

Com a padronização de requisitos e classificações, tanto os fabricantes de argamassas, quanto os construtores têm um guia claro e preciso para garantir a qualidade de seus produtos, com a certeza de que estão aplicando materiais que atendem às exigências técnicas de desempenho.

Para os profissionais da construção civil, do mesmo modo, a norma é um importante instrumento para garantir a qualidade da obra e a satisfação do cliente. O conhecimento dos requisitos da norma é essencial para a seleção das argamassas corretas para cada tipo de projeto e para o correto dimensionamento dos materiais.

Por fim, é importante destacar que a atualização da norma ABNT NBR 13281 representa um avanço significativo para a construção civil brasileira, que passa a contar com uma ferramenta ainda mais precisa e confiável para garantir a qualidade e segurança das construções.

Cabe agora aos profissionais do setor se atualizarem e se adequarem aos novos requisitos estabelecidos, contribuindo para a melhoria contínua da qualidade das construções no país.

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